2010/04/05

Midnight of the Century (Blacklist)

Se a primeira década do século XXI primou por uma certa incerteza quanto ao estilo de música que a possa definir na generalidade, verdade é que ela foi pautada por um renascer de géneros, na sua maioria inspirados nos sons da década de '80, com a diferença que, a actual música, para além de não tão melancólica, recupera um pouco do excesso gótico mas com bastante estilo o que faz que as bandas sejam mais reconhecidas como um todo e não apenas com a figura do vocalista, que de forma geral nos idos anos '80, parecia um morto de fome.

Por tentar a separar o trigo do joio é que me custa ver bandas como os Blacklist serem imediatamente rotulados como mais uns "Joy Division da América", renascidos da saga do rock britânico da década de '80 que de negativistas e narcisistas, pouco se intersecta (já com os escoceses The Cinematics, aconteceu algo similar, entre uma infinidade de outras bandas que hastearam a bandeira do indie rock e do post-punk, umas com mais notoriedade, outras mais discretas e mais algumas que poderiam ter ficado sossegadas na garagem).

O álbum de estreia dos Blacklist, 'Midnight of the Century', poético e político qb, realça de forma positiva esta nova banda vinda de Brooklyn. "Still Changes", o intenso tema de abertura do álbum, é o gatilho para o início de  quase uma volta no sentido dos ponteiros do relógio, numa viagem  além fronteiras, tipificada por uma passagem de um clima abafado para uma paisagem verde, com clima temperado e fresco.  Quem ajuda a esta entrada de ar fresco é sem dúvida James Minor, o guitarrista da banda que desempenha um papel fulcral não só neste tema, mas em muitos outros do álbum (sem tirar o mérito aos outros elementos da banda) .

De seguida "Flight of the Demoiselles", um dos temas que mais gostei de ter ouvido no ano passado: formidável para ser dançada e contagiante como o vírus da gripe. Muito bom. Os 4 temas seguintes, "Shock in the Hotel Falcon", "Language of the Living Dead", "Odessa" e "Julie Speaks" (deliciosamente sónica) têm todos os ingredientes da fórmula post-punk, continuando sempre a abrir caminho em direcção ao podium. Registos que, apesar das influências presentes dos Joy Division, passeiam de forma consistente por algumas paisagens obscuras e algo depressivas, mas que, de forma simpática, fogem nos momentos certos para um campo mais radio-pop-friendly.

Chamo ainda à atenção dos temas "Worlds Collide" e "The Believer" que encerra este conjunto de 11 temas de forma muito simpática.

Tive pena de os não ter visto ano passado no SBeS, embora já tivessem batido à minha porta no fim do verão passado. Para quem não conhece os Blacklist, sugiro que antes de se contentarem com mais uns "Joy Division produzidos pela América", pensem numa citação do tema "Still Changes": "your time is past, the guard is changing". Portanto, não sejas ultrapassado!

Álbum Recomendado!


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1 comentário:

TATO disse...

Boas,

Estive no SBES e o concerto dos rapazes foi um autentico falhanço, não por sua culpa (alias tiveram muita paciencia, que bandas punk não teriam) a energia eletrica no Maxime estava sempre a falhar, sempre que davam nos decibeis...
Foi lastimavel, mais uma vez assisti a uma total falta de respeito pelos musicos... estva a gostar dos curtos momentos que os vi e ouvi. Ouvi dizer que vão voltar...
Foram muito simpaticos sempre que me cruzei com eles o resto da noite.
Fica bem.