2015/04/25

Ivy Tripp (Waxahatchee) | Crítica Escrita por Luísa Ferreira

O novo título do projeto Waxahatchee, 'Ivy Tripp', é um pequeno rebuçado, um Floco de Neve, muito graças à voz da cantautora Katie Crutchfield. O disco abre com um tema onírico, "Breathless", que tem o condão de embalar imediatamente o ouvinte, mas que é de certo modo enganador. Mal o ouvi, fiquei logo à espera de um álbum de dream pop – é no que dá tirar conclusões precipitadas – mas os dois temas seguintes depressa me elucidaram quanto à variedade sonora deste álbum.

Chegada à quarta faixa, "La Loose", dei por mim a menear o tronco, que é a melhor maneira de dançar sentada numa cadeira, como é do conhecimento geral, e a deixar-me invadir pelos ritmos agradáveis e docinhos. Bom, aqui o leitor deve estar a começar a pensar: "Ai, ai, isto é sacarose a mais. Vozes doces, ritmos doces... Mel a mais enjoa." Pois bem, um pouco de açúcar musical nunca fez mal a ninguém e sempre torna a vida mais suportável, mas essa é a minha mui humilde opinião.

O rio de leite e mel continua na quinta faixa, "Stale By Noon", mas desta feita com um regresso do toque onírico presente no tema de abertura do álbum e com um toque de melancolia que a voz de Katie torna sublime. Para agitar um pouco as águas, segue-se The Dirt, com as suas baterias e guitarradas que, na minha imaginação, se poderiam traduzir numa road trip algures nos Estados Unidos, num belo de um carro dos anos '70, com óculos escuros e os pezinhos fora da janela a serem lambidos pelo sol.

O regresso à melancolia vem com a sétima faixa, adequadamente intitulada "Blue", e a nona, "<", que nos deixam a precisar de um copito ou dois para afugentar os "azuis", mas que não deixam de ser agradáveis de ouvir. Nesta onda, destaque também para "Summer of Love", na sua simplicidade de voz e guitarra, talvez um pouco pueril, mas não há mal nenhum nisso.

"Half Moon", a décima segunda faixa, encontrou um cantinho especial no meu coração, que gosta de uma boa toada folk, intimista e minimalista, só uma bela voz e um belo piano numa balada para servir de banda sonora a uns beijinhos. O álbum encerra com "Bonfire", um tema com semelhanças ao primeiro e que parece servir o propósito de encerrar o círculo, regressando à distorção, aos sons sonhados e ao embalo.

Um álbum agradável, que à partida pode parecer disperso, mas que, pelo menos a meu ver, não o é, e que será certamente uma companhia muito agradável para aqueles fins de tarde de verão. 

[artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico, por Luísa Ferreira]


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