"Portugal tem alguns problemas. E um deles é este: à excepção de pontuais aventuras de figuras de outros universos, não existem referências de literatura infantil. Não se pode esperar, especulando sobre isto, que um infante português do século passado sonhe da mesma maneira que um dinamarquês ou um inglês, que tiveram, respectivamente, gente como Hans Christian Andersen e Lewis Carroll a ilustrar-lhes a vida com criações, digamos, um nadinha superiores às de Alice Vieira. Parece despropositada, a conversa, mas é muito importante para explicar as razões pelas quais os Belle and Sebastian continuam a ser um segredo involuntariamente guardado por alguns de nós. Ninguém quer saber. (...)
Push Barman to Open Old Wounds é do melhor que havia a fazer à colecção de canções dos Belle and Sebastian repartidas por singles e EP's diversos, à semelhança daquilo que foram Hatful of Hollow e The World Won't Listen para os Smiths ou The Three EP's para a Beta Band. E assim, numa apetecível embalagem, se juntam temas como os grandiosos "The State That I Am In", "Lazy Line Painter Jane", "Le Pastie de la Burgeoisie", "Legal Man" ou "Marx and Engels". Toda esta pop, delciosamente inocente e infantilmente poética, estaria, num mundo ideal, num Museu de História Natural. Porque só a natureza consegue ser tão despropositadamente perfeita."
Belle And Sebastian
"Push Barman To Open Old Wounds", Jeepster/Symbiose
in Jornal Blitz, 2005.06.28
by Pedro Gonçalves